É reconstituindo o movimento das mudanças da década de 70 ao início dos anos 80 ocorridas no já então conhecido pensamento de Foucault que a autora conduz ao entendimento de seus deslocamentos em direção ao tema, quase desconhecido, que é o da coragem da verdade. É no interior deste mesmo movimento que se inclui outro deslocamento, este agora de natureza cronológica, rumo à cultura grega antiga e ao destaque das figuras parresiásticas de Sócrates e dos cínicos. E é este recuo ao passado, por sua vez, que acaba por propiciar uma transformação do olhar acerca da ética do intelectual, hoje. Ao longo desta dinâmica, vai se desenhando o testemunho do próprio Foucault cujo percurso se move no mesmo eixo dos deslocamentos- são as atitudes de Foucault que, reunindo, de modo geral, pensamento e vida, se desdobram em críticas, por exemplo, acerca de assuntos muito específicos, como o do partido político, o da revolução, o da falência das esquerdas tradicionais, entre outros. E é a dinâmica das atitudes, assumidas no movimento do percurso foucaultiano, que faz ressoar em nossa atualidade a abertura para transformações outras e possibilidades novas.